quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Elite? Quanta pretensão. Anti-elite é o correto!

Antes uma cena do dia a dia a configurar a falta de respeito e a soberba emanada de quem, na sua ignorância, pretende-se melhor que os demais.
Data - domingo 07/02/10
Local - padaria de bairro de classe média.
Cena - minha mulher, extremamente paciente e avessa a discusões, enfrentava a fila para comprar pão. Começou então a enfrentar o desrespeito e a falta de educação de uma senhora, que alem de "furar a fila", percorria o balcão procurando produtos e nessas idas e vindas, empurrava e esbarrava nas pessoas, sem qualquer cerimônia e sem pedir desculpas, é claro.
Pelas tantas a paciência da minha mulher acabou e ela, dirijindo-se a essa senhora, demonstrou a sua insatisfação e educadamente alertou que todos ali tinham seus direitos.
Essa senhora, a princípio ignorou a advertência, mas não deixou de comentar com o filho que a acompanhava- disse: "Isto é coisa de pobre!!!"
Aí então se configura a pretensão e a empáfia de quem se sente privilegiado, superior frente ao povo ignaro que as rodeia.
Uma atitude de ostentação e, em certos casos de humilhação como forma de identidade social. Compro logo me afirmo. Humilho, logo, sou.
O fenomeno não se limita a uma padaria. Abrange as relações sociais mais mundanas. Comportamento em restaurantes, em super-mercados, em pequenas lojas, no trânsito, etc.
Oscila entre a náusea e a humilhação perante os mais pobres. Resquícios do colonialismo e da escravatura.
Sim, as elites são ostentatórias, prepotentes, grasseiras. Profundamente racistas.
As chamadas elites são, na verdade, anti-elite. Elas encarnam valores e perversidades que uma elite, em sentido clássico, manifestamente repudia e despreza.
É preciso refazer a tese - o problema do Brasil não está nas suas elites porque, ironicamente o Brasil não tem elites. Tem anti-elites, incapazes de pensar o país como espaço comum. Ou, adaptando a linguagem teórica para a realidade prática, o Brasil tem uma falsa elite que, em matéria política, prefere colocar os interesses particulares e partidários à frente dos interesses do país. O preço a pagar é inevitável - quando o dever cívico se destrói, destrói-se a confiança e o futuro do Brasil.
Em contrapartida, as elites brasileiras são tambem decepcionantes. Elas se distinguem claramente das européias e da norte-americana, para quem a ética do trabalho, do mérito e do reconhecimento, sempre foram fundamentais.
Ao contrário as nossas elites acreditam que condições de saúde, de educação e outros se são precárias é porque essas vidas não valem nada, consideradas que são, como peças da engrenagem social e, portanto, facilmente substituíveis e descartáveis, num país com excesso de mão de obra disponível.
Respeito, Sim, essa palavra antiquada sem a qual nada existe ou resiste!!!!!