domingo, 24 de fevereiro de 2013

VERBETES< cont...

VERBETE - SAL/TEMPEROS.
Depois da fase mecanicista, voltada para otimizar e simplificar métodos de cozinhar,a culinária ficou livre para ser não apenas sensual, mas tambem profana, com o objetivo primário de estimular o desejo.
No novo esquema o sal teve grande proeminência. Ao mesmo tempo o sabor adocicado que era antes uma característica de quase todas as sequências de pretos numa refeição, perdeu seu protagonismo e em 1700 limitou-se, na França à sequência da sobremesa.
Na Inglaterra (predileção pelo açucar) o sistema predominou por mais tempo.
Essa dicotomia sal/açucar obrigou os departamentos da casa a se dividirem entre "cuisine" que preparava os principais pretos da refeição (com sal) e "office" (sobremesa).
A culinária modificou-se - deixou de agradar os olhos e passou a satisfazer o paladar.
Apareceram temperos - alhos, cebolas, salsa, hortelã, alecrim, encorajando a criatividade e a extravagância no preparo da comida.




VERBETE - O APARELHO DE JANTAR.
Junto com o service a la française veio o aparelho de jantar - o conjunto de vasilhas criadas para levar a comida à mesa. Houve uma ênfase cada vez maior no efeito visual por meio do uso de recepientes harmônicos para os vários tipos de alimentos.
A chegada do aparelho de jantar de prata marcou uma mudança fundamental na mesa de jantar.
Até então o "aparador"em prateleiras era o lugar de exposição ostentatória dos pratos. Agora a exibição migrava para a mesa. Aí nota-se novamente a importância do conceito do "souper intimé", com a novidade da mesa redonda -  poucos convidados.
As classes emergentes seguiam as tendências, montando seus serviços de mesa, peça por peça.
Prata para os ricos, para o resto havia estanho ou ceramica na forma de louça esmaltada, faiança e mais tarde porcelana.
Surgiu finalmente a porcelana européia, dominando a técnica originalmente exclusividade dos chineses.
Meissen (1710) - Sévres (1756).
No entanto, quando chegou a hora do aparelho de jantar de cerâmica, foi a Alemanha a precursora.
Daí tambem apareceu a "salle de manger" (sala de jantar) mais íntima e apropriada para comer e conversar.




VERBETE - A ANFITRIÃ.
A sala de jantar era uma nova sensibilidade social em que a conversa culta misturava-se a galanteria e ao amor platônico. Os convidados eram comandados por um fenômeno novo - a Anfitriã.
Era a responsável pela seleção dos convidados e escolha de seus respectivos lugares à mesa.




VERBETE - COUVERT.
Couvert significava que os pratos eram cobertos, numa tentativa de mante-los quentes.
O termo sobrevive até hoje designando, as vezes, erradamente a entrada ou pratos frios, especialidades frugais, geralmente acompanhada de bebida a espera do prato principal.




VEERBETE - O GUARDANAPO.
Extremamente importante, ritualístico e com figuração de protagonista, quando se analisa as convenções da antiguidade - peça fundamental.
Para ilustrar essa afirmação relato fatos reais e experiências de vida.
Em visita a Edinburgo (Escócia), eu minha mulher e minha filha, reservamos lugar em um restaurante muito elogiado. Era peculiar e bastante estranho, mas muito solene e sofisticado.
Iluminado só por candelabros de velas, com cortinado pesado e quadros renascentistas e oferecendo serviço de luxo.
Brincando, logo o identificamos como o "restaurante das bruxas".
Daí o fato inusitado: na mesa estavam colocados guardanapos enormes, rigorosamente dobrados.
Assim que nos acomodamos, apareceu o maitre, ou o proprietário e com pompa e muito respeito, começou o que depois identificaríamos como o ritual do guardanapo.
Primeiro abriu e praticamente desfraldou o pano no ar. Depois dobrou-o com cuidado e em seguida colocou referencialmente no colo de cada um de nós.
Em seguida, como se houvesse um sinal já convencionado, começou o serviço.
Isto tudo tem um porque!!!
Foi quando em 1548 Carlos V (imperador) introduziu a etiqueta borgonhesa na casa do filho, o futuro Felipe II. Essa introdução acarretou o aumento de serviçais (o dobro) e depois de semanas de ensaios com toda a corte borgonhesa, Felipe jantou em público no estilo que seria mantido até o final do domínio Habsburgo.
Começava com a mesa sob o pálio sendo posta pelo"ligier de sala", na antecãmera da sala do trono.
Um mordomo (um grande aristocrata) dirigia os trabalhos. Seu grande privilégio, mais zelosamente guardado, era apresentar o guardanapo ao rei e depois coloca-lo em seu colo.
O principal mordomo de Felipe era um grande soldado, o duque de Elba.
Esse era um ritual próprio da realeza e com um significado profundo de respeito e de lealdade.
Somente o principal dignatário da corte tinha a honra de apresentar o guardanapo ao Rei.




VERBETE - SIMPÒSIO.
Hoje simpósio é conhecido como o encontro de pessoas - intelectuais, empresários, religiosos, políticos, médicos,e outros, para discutir e supostamente aclarar assuntos da atualidade.
A origem vem do nome Synposion designando, na Grécia, todos os banquetes cívicos.
Esses banquetes começavam por um sacrifício de sangue, seguido de comida e finalmente bebida.
Os gregos observavam o ritual do pós-refeição identificando-o com o nome Synposion, onde só se consumia bebida.
Após a refeição normal, retirava-se as mulheres e as crianças e de maneira formal se organizava o início do ritual da bebida, só com a participação dos homens - o synposion.
O organizador ou o anfitrião escolhia um tema e todos dele participavam com suas ideias e comentários.
Até pouco tempo essa configuração persistia em alguns países da Europa, onde em algumas casas as mulheres deixavam a sala de jantar enquanto os homens lá ficavam entregando-se a muita bebida, charutos e muita conversa.
O Synposion portanto era um cerimonial regado a vinho, onde se discutia temas da atualidade, bem como se debatia temas eruditos.




VERBETE - O ACASO.
O acaso, o aleatório, o inesperado.
Surpreendente manifestação de esclarecimento em meio a turbulência, à aflição.
Insight poderoso e esclarecedor.
Quase sempre está presente na cozinha, quando ao preparar uma refeição, troca-se ingredientes, inverte-se procedimentos, incluem-se temperos obedecendo intuição repentina.
Onde profissionais "alertas" captam situações inusitadas, ocasionais e transformam receitas medíocres em pratos referenciais.
Humildade para perceber estes momentos no nosso cotidiano e multiplica-los utilizando a fragmentação de ideias e fazendo associações.
Otimizar o uso da nossa consciência, diminuindo e relativizando a crença tirânica na lógica pura.
Como disse Jung, dar valor ás "coincidências significativas".
Nesse contexto é necessário aí se incluir o "desastrado" - em sua habilidade involuntária.
Por meio de uma ação descontrolada, basta a sua presença para que, sem razão e a despeito da sua vontade, o mundo fique de pernas para o ar.
Ele está implicado na invenção do que não existe, do que é inimaginável.
A realidade tambem será reinventada. O desastrado sai para registrar tudo o que vê e acaba encenando, a despeito da sua vontade, os fatos que não existiriam sem a sua presença e que ele espantosamente não percebe.
O melhor seria seguir o Eclisiastes:
"Eu vi ainda debaixo do sol, que a corrida não é para os mais ligeiros, nem a batalha para os mais sábios, nem as riquezas para os mais inteligentes, mas tudo depende do tempo e do acaso".




VERBETE - ESTATÍSTICA.
A culinária não existiria sem os utencílios domésticos, sempre à mão, colaborando no encaminhamento de receitas mais elaboradas.
Duas estrelas da cozinha são, de fato, o forno e o freezer.
Acreditem mas eles tambem foram utilizados como parâmetros, quando o homem sensível (talvez um cozinheiro), despido da arrogância de raciocinar matematicamente, ou dando importância relativa à ortodoxia econométrica, ousou pensar:
"Alguns dados tem o mesmo valor estatístico da temperatura média de um corpo, cuja cabeça está no forno e as nádegas no forno".
Esquecer um pouco a verdadeira tirania dos economistas que hoje opinam sobre tudo, desde lingerie, até a influência do mamão na vida conjugal.
Quem sabe não seria mais conveniente raciocinar um pouco mais com a emoção e com a intuição.
Uma das várias versões sobre o surgimento da Estatística como ciência ocorreu em uma tarde de verão em Cambridge, Inglaterra, no final de 1920. Professores universitários, mais esposas e alguns convidados tomavam o chá da tarde.
Aqui a Gastronomia travestida de convívio social, tão a gosto dos britânicos - o ritual do chá da tarde.
E foi nesse encontro cordial que inesperadamente surgiu um impasse fortuito que embora fútil, na sua aparência, resultou em elucubrações acadêmicas que originaram os primeiros estudos relacionados com as probabilidades estatísticas.
Nesse chá uma senhora insistia em afirmar que o chá servido sobre o leite parecia ficar com gosto diferente do que apresentava ao receber o leite sobre ele. As cabeças científicas dos homens zombaram do disparate. Qual seria a diferença? Não podiam conceber diferença alguma na química da mistura. Um dos intelectuais interessou-se pelo problema.
"Vamos testar a proporção". Começou a esboçar um experimento no qual a senhora que insistia haver diferença, seria servida com uma sequência de xícaras, algumas com leite servido sobre o chá e outras com o chá servido sobre o leite.
O homem que começou este experimento chamava-se Ronald Fischer e foi o autor do livro sobre Desenho Experimental e que revolucionou a ciência na primeira metade do século XX.
O pensamento humano é revolucionário e portanto torna-se difícil definir o momento exato em que a estatística tornou-se parte da ciência.
Mas não seria uma heresia se pensar, sim, que foi depois daquela agradável tarde de verão que a dúvida daquela senhora tomando chá fosse a motivação, o embrião, para que alguem curioso e meticuloso em seu saber iniciasse o estudo da estatística.
Sobre estatística:
"O que revelam é interessante, mas o que ocultam é essencial".
"Deveríamos encarar a estatística como o bêbado encara o poste - como apoio, não como luz".
A soma de dois bêbados não dá um homem sóbrio".



sábado, 23 de fevereiro de 2013

VERBETES

VERBETE - GOURMET.
Surgiu naturalmente após a sequência da introdução das refeições íntimas (super intime) e do cardápio.
Normalmente as refeições iniciavam com sopas, passava por uma imensa variedade de entradas, depois para os assados e finalmente para a sobremesa.
Nessa estrutura havia uma nova progressão do picante ao doce.
Esse processo de aprimoramento do paladar foi obra da influência e da sofisticação do Gourmet, e também, o que é notável, incluiam pratos atribuidos a certa pessoas, identificando-as e correlacionando-as com o seu criador.
Hoje aqui, no Brasil, podemos citar alguns pratos emblemáticos:
Filet Osvaldo Aranha ou Chatobrian,
Sopa Leão Veloso,
Risoto a Catarina etc.
A hierarquia era posta de lado, os convidados se serviam, o foco estava nos discursos e nas inter-relações sociais descuidadas e elegantes. Foi uma violenta reação ao sufocante e antigo estilo de comer das classes altas, aprisionadas em formalidades (elites). Na verdade é um fenômeno muito mais complexo.
Os super intime de Luiz XV jamais poderia ter acontecido sem novos fatores como o aparecimento das idéias socias dos filósofos do iluminismo. Outro foi a eclipse da crença inocente da rigidez do cerimonial de banquete para a ideia da mesa como veículo para a alegria e a confraternização.



VERBETE  CARDÁPIO.
A tendência à privacidade acarretou outra inovação - o Cardápio - uma listagem por escrito da sequência dos pratos a serem servidos. Os únicos cardápios do século XVIII que sobreviveram são ceias acontecidas em Choisy (castelo).
Esses super intime, são , na verdade a refeição arquetípica do século XVIII que buscava banir o ritual e era destituida de imagens simbólicas.
Tratava-se de uma atmosfera de alta moda, flertes, agudeza de espírito e mexerico.
Não muito diferente dos jantares modernos.
O uso da mesa redonda igualava a todos, sem distinção de realeza ou classe social.
O cardápio oferecia tambem livre fluxo de vinho colocado junto com copos diretamente sobre a mesa.
Havia menos serviços, apenas 4 mais sobremesa.
Portanto é claro que os cardápios marcavam um grande interesse dos convidados pelo que iam efetivamente comer.



VERBETE - SERVIÇO a FRANCESA.
O século XVIII foi marcado por grandes transformações gastronômicas refletida pela chegada de novos pratos e mudanças de gosto, mas acima de tudo por uma revolução na própria culinária. A França portanto foi a responsável por desenvolvimentos radicais, tanto no estilo da cozinha como na estrutura e apresentação das refeições - conhecido como Service a la Françoise.
O gosto pela comida se modificou. O consumo de pássaros exóticos como pavões e cisnes, grous e garças sairam de moda, junto com lampreias e baleias.
A partir daí o porco só aparecia sob a forma de leitão, presunto e toucinho.
As carnes preferidas eram de boi, vitela e carneiro e no que diz respeito a aves, galinhas, patos, pombos e pássaros de caça.
O peixe era consumido em grandes quantidades em efemérides religiosas - salmão ou truta.




VERBETE - ESTUFAS.
Momento pontual de extrema importância nas mudanças quanto ao aproveitamento dos recursos horticulturais.
Surgiu em Versalhes com o grande jardineiro de Luiz XIV Jean de la Quintenie.
Esse senhor desenvolveu as estufas e em consequência ocorreu uma enorme multiplicação nas variedades de frutas e vegetais - iguarias como aspargos e cerejas, já podiam ser cultivadas nos rigores do inverno. Cogumelos de todos os tipos, trufas, alcachofras, alface e especialmente ervilhas, passaram para a linha de frente da culinária.
Receitas e cardápios indicam que os vegetais ocuparam o lugar de honra como "entrement".
As saladas tiveram seu auge e adquiriram imensa popularidade, servidas simplesmente com um molho vinagrete, um pouco de ervas aromáticas e algumas vezes com violetas e rosas.





VERBETE - VINHO>
Começo do século XVIII foi inventado o "methode champenoise" e o consumo de champanhe decolou. Champanhe e Borgonha, os vinhos preferidos pelas classes aristocráticas eram chamados "vins de table". Os consumidos pelas classes mais baixas chamavam-se "vins de suite".
Nessa época entraram em moda tambem todos os tipos de licores, aguas perfumadas e bebidas geladas.




VERBETE - CHOCOLATE-CHÁ-CAFÉ.
Três novidades de grande significado.
O chocolate vinha da América do Sul e já era bebida popular na Espanha no século XVI.
Chegou à corte francesa pela noiva espanhola de Luiz XIV. A bebida foi adaptada ao gosto europeu acrescentando-se um adoçante, mel ou açucar, alem de baunilha e canela.
Mas o chocolate jamais teve o mesmo impacto que o café, responsável até pela criação de um novo cenário de convívio para a sociedade cortês emergente - a casa do café.
Os holandeses foram os primeiros a iniciar a exploração comercial do produto, que chegou à Europa a partir de 1637 e na década de 1660 já havia um grande  comercio de grãos de café. Como o chá, a bebida pegou inicialmente porque se acreditava que ela tivesse propriedades medicinais.
O chá que chegou à Europa tambem introduzido pelos holandeses em 1610 jamais alcançou a popularidade do café, mas foi muito bem assimilado na Inglaterra. Embora na década de 1650 se tomasse chá em Londres, foi no século XVIII que tomar chá iria se tornar um ritual das classes altas. Ele passou a simbolizar a sociedade elegante.




VERBETE - TALHERES.
A simples substituição da fatia de pão medieval por recipientes sólidos de cerâmica, estanho ou prata, tornou possível servir misturas líquidas, com molho.
Alem disso tais vasilhas ofereciam uma superfície firme sobre a qual a faca podia cortar - e em que mais tarde o garfo podia enfiar seus dentes.
Portanto os talheres e artigos de culinária começaram a se tornar comuns entre as classes altas.
Os convidados já não chegavam com suas facas - a mesa já estava equipada.




VERBETE - O LIVRO DE RECEITAS.
Durante a década de 1650 eclipsando em parte todas as novidades anteriores apareceu aquele que reinventou o método culinário na França.
O livro de receitas - várias publicações introduziram um novo sistema de cozinhar que incorporava um repertório integrado de técnicas, usando certas misturas básicas e materiais crús preparados de acordo com uma série de regras. Essa preocupação em sistematizar até mesmo a arte da culinária era mais uma expressão de uma sociedade obcecada por descobrir e impor ordem em todas as esferas da atividade humana. O mesmo fenômeno pode ser visto na fundação da Academia Francesa de Letras em 1635 que tinha a intenção de purificar a lingua. A nova culinária, como é evidente, exigia alto gráu de alfabetização, sendo portanto, privilégio somente das classes altas.
Houve nada menos que 230 edições de livros franceses de receitas publicadas entre 1651 e 1789.




VERBETE - FOGÕES.
Com o incremento de produtos mais sofisticados, otimizando o uso dos talheres, deve-se acrescentar as melhorias mecânicas da própria cozinha com o desenvolvimento consequente de meios mais eficazes de produzir e controlar o calor (fogões).
Contudo houve tambem razões sociológicas. O fato da nova culinária difundir-se por intermédio de livros indica que qualquer cozinheiro importante deveria saber ler. No caso da França, tratava-se de estabelrecer a hierarquia num período de aguda divisão social.
O fogão portanto era um símbolo de estatus proveniente da evolução do pensar mecanicista teoricamente exclusividade daqueles com estudo e evoluidos socialmente.
A aristrocacia buscava um estilo de cozinha que a colocasse a parte das camadas inferiores, incluindo aí os burgueses tentando abrir caminhos, graças a expansão do comercio e da industria.
O que tornou o rompimento com a culinária renascentista e medieval foi o abandono do contexto cosmológico. Durante séculos os alimentos estiveram indissoluvelmente ligados a astrologia e a alquimia e a medicina. O século XVIII gradualmente mudou o universo oculto em favor de uma versão mecaniscista do mundo. Libertada desse contexto a culinária se tornou arte.
O universo mecaniscista na segunda metade do século XVIII trans formou o conceito de cozinha.
 o

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Verbetes

VERBETE  - Souper Intime (Refeições íntimas)
A refeição com poucos convidados, surge na França no reinado de Luiz XV.
Esse rei tinha 3 paixões: mulheres, caça e comida.
Sua amante Jeanne Antoneite Poison, marquesa de Pompadour, encontrou uma maneira de conciliar esses desejos.
Com sua inteligência e perspicácia criou um mundo privado no qual as aventuras da caça e do amor podiam florescer e tambem em que seu gosto pelas delícias da comida se realizava numa nova forma de refeição - o super intime (1735).
As refeições aconteciam depois depois das caçadas do rei em seus aposentos privados e eram completamente diferentes dos anteriores jantares públicos do seu avô Luiz XIV.
Mesa circular, com apenas 2 ou 3 criados que se ausentavam após servir, permitindo o livre conversar.
Poucos convidados a~i incluídos as damas sempre em maior número.
Assim o Rei podia escapar ao rígido protocolo da vida em público.



VERBETE - Cardápio
A tendência à privacidade acarretou outra inovação - o cardápio. Uma listagem por escrito da sequência dos pratos a serem servidos. Os únicos cardápios do século XVIII que sobreviveram são ceias acontecidas em Choisy (castelo).
Esses supers intimes são, na verdade, a refeição arquetípica do século XVIII, que buscava banir o ritual e era destituido de imagens simbólicas.
Tratava-se de uma atmosfera de alta moda, flertes, agudeza de espírito e mexerico.
Não muito diferente dos jantares modernos.
O uso da mesa redonda igualava a todos, sem distinção de realeza ou classes social.
O cardápio oferecia tambem o livre fluxo do vinho, colocado junto com copos diretamente sobre a mesa.
Havia menos serviços, apenas 4 mais sobremesa.
A hierarquia era posta de lado, os convidados se serviam, o foco estava nos discursos e nas inter-relações sociais, descuidadas e elegantes. Foi uma violenta reação ao sufocante e antigo estilo de comer das classes altas, aprisionadas em formalidades (elite). Na verdade é um fenomeno muito mais complexo. Os super intime de Luiz XV jamais poderiam ter acontecido sem novos fatores como o aparecimento das ideias sociais dos filósofos do iluminismo. Outro foi a eclipse da crença inocente da rigidez do cerimonial de banquete, para a ideia da mesa como veículo para a alegria e a confraternização.

Gastronomia cont...

Um adendo ao que qualificamos como  pontos básicos que orientaram nosso raciocínio no estudo da Gastronomia.
Foram eles a Memória e o Observador.
È necessário enaltecer, alem da memória a nossa quase esquecida, mas fundamental capacidade de exercer a função de observador.
Estar atento ao momento aleatório e fundamental do insight e ver deslumbrado que o mosaico finalmente se encaixa e faz sentido, depois de ter permanecido cegos diante de uma situação, canalisando todos os nossos esforços em algo que permanece vago durante muito tempo para finalmente sermos recompensados com a síntese do processo e o real entendimento da proposta.
Portanto o papel do observador se torna cada vez mais importante.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Gastronomia, cont...

Conceitos -
Os conceitos transitam com a própria experiência humana, desse modo ganhando consistência à medida que aquilo que designam se torna  mais familiar.
Sensibilidade para decodificar símbolos e metáforas.
Então a partir do conceito de Gastronomia entende-la de forma ecumênica e analítica, buscando suas ramificações generosas com disciplinas, a primeira vista, distantes e desconexas.
Associação de ideias, fatos,citações, parábolas, formando o mosaico germinal para pensar diferente,interagindo.
Podemos até sofisticar esse assunto adicionando o raciocínio de ser a Gastronomia um "sistema complexo".
"Os sistemas complexos são aqueles que apresentam não apenas um grande número de subsistemas constituintes, mas uma intrincada malha de inter-relações entre esses sistemas.
Entender a conexão entre o que acontece às refeições e a estrutura da sociedade, mostrando como o ritual que cerca a alimentação é um teatro no qual se representam de maneira clara a estratificação social e as relações de poder".
È preciso inovar fazendo da culinária uma outra forma de comunicação - espirituosa, informativa, abrangendo fatos curiosos com inter-relações surpreendentes, mágicos, mas tambem, com forte teor reformador, suplantando barreiras e formulando novos conceitos que a nossa empáfia e egocentrismo, as vezes, teima em não perceber.
A linguagem escolhida para objetivar essa idéia foi os Verbetes, por si só, de facil assimilação, com textos enxutos e esclarecedores. Temas como - Origens, Identidade, Cardápio, Gourmet, Serviço a Francesa, Estufas, Vinho, Estatísticas,Chocolate, Chá, Café,Talheres e muitos outros, tangenciando tambem disciplinas como Economia,Negociação, Sociologia etc.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Gastronomia

Entender a Gastronomia analisando-a sob um novo ângulo,  e esquecer aqueles previsíveis e aborrecidos que a tratavam de maneira rasteira, pequena e sem substância, como as simplificações comuns de resumi-la à receitas, modo de preparo, etc.
È preciso priorizar um enfoque fortemente transdisciplinar e comparativo, colocando a Gastromia como catalizadora das emoções, idiossincrasias, ilusões, percalsos que cercam o cotidiano do ser humano,
Para se conhecer melhor esse trabalho é interessante mencionar que ele foi obtido de maneira simples e sem qualquer pretensão de academicismo ou de falsa intelectualidade. D Noois aspectos foram primordiais: a memória e o observador.
A cultura não depende apenas (ou nada) do que podemos absorver de um livro em particular, mas da nossa capacidade de "situar" o livro e/ou a informação num contexto feito de relações com outros livros e/ou outras informações.
Sófracles dizia - "A memória é a rainha das coisas". No sentido de concatenar idéias, relaciona´las entre si, buscando conhecimento, reciclando-o e libertando-o da ortodoxia das interpretações.
o observador, por sua parte, é aquele que realmente "acorda" pela manhã e que continua "desperto" para entender e decodificar cada novo acontecimento, identificando-o e valorizando-o.
Estar atento ao momento aleatório e fundamental do insight e ver deslumbrado que o mosaico finalmente se encaixa e faz sentido.
Portanto é fundamental o papel do observador
A relatividade, o princípio da incerteza, mostra-nos até que ponto o observador de hoje interage e intervem nos fenômenos. A ele abre-se a possibilidade de um ponto privilegiado , onde ele tem acesso a realidade que o espaço e o tempo, a matéria e a energia habitualmente nos dissimulam.
O fantástico nada mais é do que uma manifestação das leis naturais, um resultado do contato direto com a realidade quando esta nos chega diretamente e não filtrada pelo véu do sono intelectual, pelos hábitos, pelos preconceitos, pelos conformismos.
Portanto relacionando-se a memória com o observador, ter "olhos de ver" a Gastronomia como o embrião de uma nova filosofia a nos orientar no difícil caminho do relacionamento humano. Traze-la par um novo patamar que a enobrece e a vincula a uma nova ciência moderna, generosa, paricipativa e aberta para atraves dela, entendermos a nossa modernidade, indiscultivelmente interessada em buscar valores atrelados ao humanismo e a fraternidade, com a ética e coma interação com a natureza.
Segundo Câmara Cascudo "o significado da comida ultrapassa o simples ato de alimentar-se".
Algumas cozinhas deveriam ser estudadas dentro de centros científicos, acompanhado talvez, por teólogos e especialistas em paranormalidade. Esses cozinheiros "milagrosos" farão a transformação da matéria em ilusões quiméricas. Sua matéria prima continua a ser nacos de carne, camarões e pescado em geral, produtos horti-fruti-granjeiros, mas tratados com a imaginação e  dos magoso desernimento dos magos
A Gastronomia como comunicação, aceitando-a como fornecedora de informação. Descobrir outros atributos como arte, conselho, tecnologia, teoria e motivação. È fundamental reconhecer sua universalidade

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Projeto - tentativas...

Projeto visando incorporar e otimizar trabalho de artesã de minha mulher (Crochet e Tricot) visando adestrar e dar cidadania a grupos marginalizados da sociedade.
Exemplos - envolver árvores, monumentos fachadas utilizando peças de crochet . Orientação, aulas práticas e principalmente inserção social conscientizando o valor de se sentir cidadão.

Pessoas que ainda orbitam fora ou precariamente incluídos no sistema capitalista, isto é, esse ainda visto como provedor de renda proveniente das oportunidades criadas pelo mercado, aliado ao esforço pessoal na busca do aperfeiçoamento.
Necessário ir ao encontro do que se costumava chamar "comunidade" e agora concordamos em classificar como a nova classe média, este misterioso universo ainda não compreendido por aqueles que se arvoram conhecedores dos seus anseios.
Infelizmente é necessário reconhecer o nosso completo desconhecimento dos desejos, predileções, prioridades desse segmento, mesmo porque, a sua ascensão não foi só monetária, mas sim, e principalmente, política. Não esqueçamos que política é uma relação de poder. Portanto se apresenta poderoso e reinvidicador.
Respeitando todos esses indicadores é que se pretende colaborar visando contribuir com, primeiro o esclarecimento e compreensão da espessura da hora, isto é, dificuldades economicas mundiais e a nova postura altiva do Brasil, bem como proporcionar alternativas práticas, via ensinamentos de trabalho manuais que podem proporcionar sua independência financeira, bem como robustecer sua alta estima, fazendo-o conscientizar-se de sua cidadania.
Portanto esquecer, como faria o mercado tradicional, que essa classe representa somente um instinto economico que anda, mas ao contrário, valoriza-lo e informa-lo ao máximo, permitindo que compreenda que a oferta não é mais uma dádiva a fundo perdido de uma sociedade eletista , mas sim, um compromentimento de solidariedade recíproca que só enaltece e enobrece o relacionamento onde o principal é compreender que aprendemos todos.
Procssos criativos - Entender que a busca da inovação/criatividade, longe de ser uma prerrogativa de pessoas especiais - "antenadas" - e produtoras de insights originais, é sim um processo articulado e complexo, com regras e procedimentos, e requer empenho e boa orientação para se obter sucesso.
Trabalha-se o despertar da consciência através da formulaçâo de conceitos qu englobam múltiplos significados (informação-conhecimento-sabedoria).
Precisamos de gente que "potencializa vocações", racionaliza e integra recursos.
Estamos dentro de um processo dinâmico e irreversível de desenvolvimento com responsabilidade social que inevitavelmente nos conduzirá a construção de um novo conjunto de valores que ainda terá que ganhar massa crítica.