segunda-feira, 19 de março de 2012

Saudade de ter saudade

Hoje as comunicações são feitas, via de regra, instantaneamente.
Vivemos um tempo em que computadores, faxes, vídeos, celulares, mostram que é possível uma comunicação total e completa entre os homens.
Dizer, transmitir e compreender no menor espaço de tempo possível parece ser a tríade sobre a qual repousa esse ideal.
Tudo muito rápido e sem comprometimento. A palavra saudade já não tem mais significado dado a urgência de vivenciar aquele momento para em seguida descarta-lo.
A manutenção em DVD do passado imediato, a nostalgia instantânia do que acabou de acontecer, a museologia do presente. Cãmaras digitais e filmadoras preservam cada minuto, inclusive este, num passado incorruptível, intocavel, nítido como um espelho,
Seria portanto oportuno decifrar a origem de saudade essa palavra tão decantada como sendo um sentimento só nosso, exclusivo do brasileiro.
"Diz a lenda" que em tempos idos em um Portugal bastante pobre havia uma arrasadora diáspora da população jovem procurando na imigraçâo para outros países a soluçâo para os seus problemas.
Portanto nas aldeias e pequenas cidades só restavam os velhos e estes vendo-se sozinhos reclamavam entre si -"só idade", "só idade", dai a conexão com saudade é inevitável.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Excesso de tecnologia - Simplicidade

A cada momento somos bombardeados com o aparecimento de novos conceitos cibernéticos, aqueles que nos dão diretrizes e supostamente nos orientam a viver baseado na tirania sempre crescente de novos dispositivos e máquinas.
Surgem no rastro de tecnologias renováveis e efêmeras e são substituidas por outras que de maneira sazonal forçosamente será ultrapassada por outra mais "moderna".
Será que não mais se raciocina como seres humanos privilegiando o simples?
Simples assim como uma poesia de Manoel de Barros.
Hoje temos uma sociedade que se relaciona sem contato pessoal, por palavras que se desencontram dos atos, por significados que não exprimem mais nada tamanho é seu desgaste.
Certa vez perguntaram para o renomado cientista Cezar Lattes qual era a sua opinião sobre o universo.
Ele respondeu procurando a explicação mais simples.:
Para compreender o universo basta sentar no topo do Evereste e olhar para a frente - voce vai enxergar a sua própria nuca. Passando por galáxias, buracos negros, estrelas novas etc o olhar surpreendentemente volta e se fixa na sua nuca, exemplificando que por mais que o homem teime, na sua empáfia, complicar sua existência, é preciso, quase obrigatório, voltar a vivenciar o simples.
O Olhar!! Precisamos ter olhos de ver, sentir, decodificar.
Segue uma história contada por um filósofo na qual descreve o quanto viveu alienado até descobrir a importância de olhar e ver, e a partir dai ser um verdadeiro observador:
"O ocre da encosta abrupta, o azul do lago, o roxo dos montes de Sabóia e ao fundo as geleiras resplandescentes do Grand-Cambin, vira-os eu cem vezes. Soube pela primeira vez que nunca os olhara. No entanto vivia ali há 3 meses.
È claro, desde o primeiro instante, aquela paisagem deslumbrara-me, mas o que em mim lhe respondia não era mais que uma exaltação confusa. Claro, o Eu do filósofo é mais forte que todas as paisagens. O sentimento angustiante de beleza não passa de um assenhoramento pelo Eu que se fortifica da distancia infinita que dela nos separa. Mas naquele dia, bruscamente, soube que eu próprio criava aquela paisagem, que ela nada era sem mim. - Sou que te vejo, e que me vejo a ver-te, e que ao ver-me te faço.
Esse verdadeiro grito interior é o grito do demiurgo quando da sua criação do mundo.
Nunca eu vira semelhantes cores. Senti que acabava de adquirir o sentido das cores, que interpretava as cores, que nunca até ali vira realmente um quadro ou penetrara no universo da pintura,
Mas soube igualmente que por esse chamamento da minha consciência, por essa percepção da minha persepção, conseguira a chave desse mundo da transfiguração que não é outro mundo misterioso, mas o verdadeiro, aquele de que a natureza nos conserva exilados".

quarta-feira, 14 de março de 2012

Solução fazendo correlações

Dívidas impagáveis (risiveis e utópicas) de Grecia, Irlanda, Espanha, Itália, Portugal.
Credito fácil oferecido por bancos gananciosos e governos irresponsáveis. Consumidores desavisados acreditando num conto de fadas com duração ilimitada.
A dívida crescia e o PIB diminuia - equação perversa.
Esse é o cenário em que vivemos.
Especulação, dinheiro virtual, inflação de ativos, riqueza financeira e não produtiva, bolhas especulativas. È mais fácil desempregar um trabalhador que desiludir um especulador.
Excesso de liquidez . Hoje rodam no mercado financeiro a quantia fabulosa de U$ 600 trilhões e o PIB mundial é de U$ 60 trilhões. Esse dinheiro do mercado financeiro, fictício, repassado por rúblicas e promessas de pagamentos não tem, como é evidente, lastro em ativos confiáveis
Qual seria a solução?
Em seguida ofereço a minha sugestão - antes uma pequena história:
Quando jovem, reuníamos semanalmente alguns amigos para um jogo de poquer.
Eramos sempre os mesmos e costumávamos virar a noite jogando ininterruptamente.
Os cacifes eram comprados em confiança marcados e anotados.
Houve uma determinada época que nos excedemos e o jogo se arrastou por dois dias.
Quando o cansaço bateu e todos já sonados fomos fazer as contas.
Todo mundo devia para todo mundo quantias absurdas fruto da facilidade do crédito.
Era impossível qualquer pagamento. Solução... Vamos MELAR TUDO e rasgava-se as anotações dos cacifes adquiridos.
Portanto sugiro que todos os envolvidos nessa dívida mundial sigam o nosso exemplo.
MELEM TUDO!!!!!!!!!

terça-feira, 13 de março de 2012

Desabafo

Vive-se o manequeismo pequeno e pouco produtivo a julgar como certo-errado, feio-bonito, claro-escuro, fatos que por si só se desqualificam e as vezes nos envergonham.
È comum eu pensar,se a idade me impele a ser , a priori, rabugento, intransigente, quando me surpreendo a opinar sobre o momento atual. È inutil!!!
As pessoas querem, na verdade, o meu aval para o que já consideram a verdade absoluta.
Querem que o inconsciente coletivo banalizado, refletido em pensamentos óbvios e repletos de clichês, pudessem sensibilizar alguem minimamente inteligente.Acredito que não estou sozinho ao reinvidicar um espaço onde os "velhos" pudessem se manifestar, e não só isso, pois só falar me parece escapismo ou um exercício de tiradabundismo estéril.
Sou adepto dos chineses que dizem:
"Não tem um velho em casa? Compre um"!!
Congregar, agitar e agir, formando e direcionando potenciais latentes a incentivar atitudes que pudessem efetivamente contribuir para a formação de pelo menos, uma consciência contraria a postura própria do brasileiro comum, cultor implacável da nossa herança ibérica: o conformismo e o fatalismo.
Quero gritar, espernear, participar, mas de forma positiva, objetiva, reunindo todo o potencial de experiência e de possível sabedoria acumulados em 70 anos de vida.
"Súdito leal desses tempos de segunda ordem, orgulhosamente admito que minhas melhores ideias são de segunda ordem e possa o futuro toma-las como troféu da minha luta contra a sufocação".

domingo, 11 de março de 2012

Retorno

È como começar de novo depois de ficar quase dois anos sem postar.
Quando iniciei o blog acreditava, de maneira inocente reconheço, que seria possivel interagir e conseguir interlocutores e com eles discutir e propor ideias que certamente nos obrigassem a evoluir.
Hoje tenho consciência que existem centenas, milhares de blogs que sem qualquer vaidade e pretenção estão atuantes e cada um verbaliza seus conceitos obedecendo somente sua vontade de se exprimir.
De qualquer maneira volto a postar, agora humilde e me penitenciando dos erros de aquilatação do passado.
Acredito tambem no "Zeitgeist", o espírito do tempo que nos faz farejar as coisas, graças ao qual recebemos estímulos, que se traduzem em algo acabado e definido.
Tudo tem o seu momento certo e a nós cabe entedermos a pausa e o silêncio entre os acontecimentos e assim ser coerente com o que aprendemos com a nossa introspecção.