quinta-feira, 15 de março de 2012

Excesso de tecnologia - Simplicidade

A cada momento somos bombardeados com o aparecimento de novos conceitos cibernéticos, aqueles que nos dão diretrizes e supostamente nos orientam a viver baseado na tirania sempre crescente de novos dispositivos e máquinas.
Surgem no rastro de tecnologias renováveis e efêmeras e são substituidas por outras que de maneira sazonal forçosamente será ultrapassada por outra mais "moderna".
Será que não mais se raciocina como seres humanos privilegiando o simples?
Simples assim como uma poesia de Manoel de Barros.
Hoje temos uma sociedade que se relaciona sem contato pessoal, por palavras que se desencontram dos atos, por significados que não exprimem mais nada tamanho é seu desgaste.
Certa vez perguntaram para o renomado cientista Cezar Lattes qual era a sua opinião sobre o universo.
Ele respondeu procurando a explicação mais simples.:
Para compreender o universo basta sentar no topo do Evereste e olhar para a frente - voce vai enxergar a sua própria nuca. Passando por galáxias, buracos negros, estrelas novas etc o olhar surpreendentemente volta e se fixa na sua nuca, exemplificando que por mais que o homem teime, na sua empáfia, complicar sua existência, é preciso, quase obrigatório, voltar a vivenciar o simples.
O Olhar!! Precisamos ter olhos de ver, sentir, decodificar.
Segue uma história contada por um filósofo na qual descreve o quanto viveu alienado até descobrir a importância de olhar e ver, e a partir dai ser um verdadeiro observador:
"O ocre da encosta abrupta, o azul do lago, o roxo dos montes de Sabóia e ao fundo as geleiras resplandescentes do Grand-Cambin, vira-os eu cem vezes. Soube pela primeira vez que nunca os olhara. No entanto vivia ali há 3 meses.
È claro, desde o primeiro instante, aquela paisagem deslumbrara-me, mas o que em mim lhe respondia não era mais que uma exaltação confusa. Claro, o Eu do filósofo é mais forte que todas as paisagens. O sentimento angustiante de beleza não passa de um assenhoramento pelo Eu que se fortifica da distancia infinita que dela nos separa. Mas naquele dia, bruscamente, soube que eu próprio criava aquela paisagem, que ela nada era sem mim. - Sou que te vejo, e que me vejo a ver-te, e que ao ver-me te faço.
Esse verdadeiro grito interior é o grito do demiurgo quando da sua criação do mundo.
Nunca eu vira semelhantes cores. Senti que acabava de adquirir o sentido das cores, que interpretava as cores, que nunca até ali vira realmente um quadro ou penetrara no universo da pintura,
Mas soube igualmente que por esse chamamento da minha consciência, por essa percepção da minha persepção, conseguira a chave desse mundo da transfiguração que não é outro mundo misterioso, mas o verdadeiro, aquele de que a natureza nos conserva exilados".

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