quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Carta protesto

Recordações - mexendo em meus papéis encontrei uma carta escrita, mas infelismente não enviada a uma empresa aqui de São Paulo.
Estava trabalhando, sob contrato, em Santa Catarina, e recebi, através de head hunter, uma oferta de trabalho. Tratava-se de empresa bastante conceituada com atuação no campo onde eu tinha grande familiaridade.
Antes um parenteses - estamos falando do início da década de 90, onde a inflação mensal beirava a 80% ao mês. Inacreditável porem verdadeiro. Era época do tambem inacreditável "gatilho salarial". Sim, é verdade, sou um veterano profissional, na estrada a muito tempo e com muitas "estórias" para contar.
Pois bem, marcamos a data e eu compareci para a entrevista que era com o diretor de RH e com o presidente e/ou proprietário da empresa. Portanto uma empresa familiar prato cheio para análises e considerações de inúmeros consultores que se arvoram conhecedores de seus descaminhos. Na época eu tambem pensava de forma preconceituosa sobre esse assunto. Hoje, mais maduro e porque não dizer mais velho e supostamente mais sábio, tenho outra visão, bastante mais favorável à estas instituições - mas isso fica para uma outra vez.
Estavam necessitando de um Diretor Comercial.
Só para esclarecer quando da viagem, eu comprei a passagem ida e volta Criciúma/São Paulo, e para deixar bem claro que não fui aceito e pior ainda não me deram explicações.
Aí vai a Carta:
Prezados sehores,
Acabei de receber a restituição referente ao valor do bilhete Rio-Sul, pelo qual viajei a São Paulo para participar de entrevista a chamado de sua empresa.
São precisamente NCZ$ 1.153,00(Hum mil, cento e cinquenta e três cruzeiros novos), valor esse que só me permitiria adquirir um bilhete para fazer o mesmo percurso se eu tivesse a possibilidade de realizar o extraordinário feito de viajar no tempo, regredindo ao distante mês de Dezembro de 1989, ou seja teria adquirido poderes de verdadeiro Super-Homem, o que, convenhamos, se deles desfrutasse não estaria interessado em participar de qualquer processo de seleção.
Mas pelo menos esse retorno(difasado é verdade) eu obtive.
Pior foi aquele que não houve.
Aquele retorno que dignifica o profissional, que o alenta para a próxima batalha e que ele naturalmente espera de qualquer eventual empregador com um mínimo de respeito para com o ser humano.
Já sabia que meu nome havia sido recusado.
Não é necessário ser nenhum gênio para entender o perfil que o presidente dessa empresa enaltece, ou seja, perfil de tecnocrata com formação acadêmica que ostente MBA, PHD, preferencialmente em finanças, o que, na verdade, reflete seu caráter elitista e preconceituoso.
O que me entristece é saber que o meu nome não mereceu siquer a atenção para uma explicação, até porque, pensava estar tratando com profissionais que saberiam o que isso representa.
Fuck you, men.

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