quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Empresas - pensar o novo

Anterior a essa nossa reslidade da Globalização - fase ainda nebulosa e desconhecida - e portanto, anterior a uma de suas consequências, a terceirização, existia uma verdadeira aproximação afetiva entre os funcionários e as empresas.
Ela proporcionava o encontro, a amizade e um certo compromisso de fidelidade a orientar a administração das responsabilidades.
Seus profissionais, via de regra, eram motivados a com ela conviver por muitos anos, obtendo, assim(dependendo da capacidade de cada um) a possibilidade de um plano de carreira que o estimulava a progredir aumentando seu comprometimento.
Havia um relacionamento estreito, quase visceral, chegando muitas vezes a agregar ao funcionário um novo sobrenome - o da empresa:
--Está aí o Fernando da Carborundum.
Estranho tambem a formação de hábitos relacionados com os próprios hábitos das empresas.
Conheci um profissional que após trabalhar por longos anos numa única organização, quando dela se desligou, continuou, ao sair de casa pela manhã, a fazer o seu velho trajeto até a antiga empresa, e lá estacionar.
Não, não sou um saudosista. Apenas relembro que esta afinidade poderia, nas devidas proporções, ser readaptada para os dias de hoje, tão brutalizados pela competição ferrenha e sem parâmetros, sem ética, a nortear a ascenção na carreira. Esta postura, digamos, fraterna, não impediria que ambos, profissional e empresa, cada um a seu modo, buscassem se reciclar e aceitar a evolução das práticas corporativas.
Ter consciência do valor do comprometimento, da parceria, da cumplicidade intrínsica formada na honestidade dos relacionamentos.
As organizações, como as pessoas, são criaturas de hábitos.
A maneira como fazemos as coisas por aqui.
Os hábitos, via de regra, causam relaxamento, pois estão sempre disponíveis e impedem a formulação de um novo conceito.
È imperativo romper com os hábitos, mudar, fazer a auto-crítica revisionista e sacudir o conformismo.
No capitalismo de hoje é essencial para a sobrevivência criar novas práticas de organização empresarial, novas tecnologias e conhecimentos.
O interesse das empresas na construção de uma sociedade civil forte, democrática, digna e justa nem sempre é óbvia. Mas é interesse das empresas contar com uma base forte de consumidores, com uma economia estável e com uma força de trabalho educada e bem remunerada.
Portanto urge deixar essa hipocresia de lado e assumir as suas responsabilidades.
Assumir a inclusão social de forma clara, não existe desenvolvimento sem inclusão social,esquecendo o seu valor mediático(publicitário), o qual não agrega nada por ser efêmero e, portanto, ao contário do que se pensa, oferecendo retorno duvidoso. A fragilidade de suas propostas a enaltecer marcas que, por mais que sejam conhecidas, podem cair no ostracismo via mediocridade e falta de sensibilidade gerando desconfiança.
Arregaçar as mangas e formular plano de responsabilidade social consistente e longevo, ajudando a enfrentar a espessura da hora.
Procurar, com isso, um relacionamento mais estreito com a sociedade, tornando-a cúmplice de iniciativas realmente identificadas como honestas a vincar uma parceria que se propõe inovadora.
Um sistema econômico é avaliado, acima de tudo, por sua capacidade de gerar bens e serviços para a coletividade humana.
Em virtude das grandes mudanças que se advinham, é possível afirmar que o mercado em geral defonta-se num duelo inevitável com mudanças de direcionamento operacionais bastante sérios, pois terá que enfrentar um adversário poderoso. Poderoso por ser ainda desconhecido, que se apresenta nebuloso, etéreo, virtual.
Para conhece-lo, ou tentar levantar um pouco a névoa que o envolve, é necessário obter o máximo possível de informação e formular estratégias não convencionais, mas ao contrário, pensando de forma não ortodoxa, com criatividade, ousadia, intuição, sensibilidade, usando o lado não racional da vida.
O mundo escravo de análises que procuram ser exatas, em um cenário subjetivo e hoje profundamente dependente do comportamento e das idiossincrasias do ser humano. Este sim, o vetor fundamental de mudanças.
Em seu último livro, Salmon Rushdie comenta: "Que ninguém deve procurar as culpas fora de si mesmo, de sua cultura, de sua tradição - os barbáros estão dentro de nós, cada um é o seu próprio Cavalo de Tróia".
A maioria das empresas despreza estes ensinamentos e até os ridicularizam, qualificando-os de poéticos e irrelevantes.
Mais vale a sua cultura racional de resultados - a escravidão econométrica.
Seguem a política de "manada", ou seja, sem riscos, obedecendo o determinismo dos gurus economistas e/ou financeiros.
Algumas convivem com a síndrome do "Dinossauro", causada pelo virus da imbecilidade organizacional adquirida.
Outras seus executivos agem histericamente. Correm freneticamente e de forma estéril em qualquer direção - com essa sofreguidão, apostam sempre no lado errado.
Ao contrário, outras procuram ser, cuidadosas(lentas) nas sua decisões. São doutoradas nos seus problemas, mas não conseguem agir.
Seus executivos foram escolhidos obecendo a cartilha do bem contratar da atualidade, isto é, todos são mestres, doutores, PhD em administração ou finanças e, portanto, seus planos estratégicos são consubstanciados em verdades teóricas, quase sempre inúteis.
Estratégias empresariais eficazes serão articuladas por aqueles que vêem informação onde outros vêem dados ou estatísticas e pelos que são capazes de reagir rapidamente a surpresas, isto é, a uma nova informação.
Tudo isto está relacionado com o "oportunismo informado".
Talvez raciocinar sublimando as inovações e produzindo uma linguagem não linear, que trabalha muito o raciocínio e a curiosidade. Procurar utilizar a fragmentação de idéias a exigir que o interessado faça associações.

"Eu vi, ainda debaixo do sol, que a corrida não é para os mais ligeiros, nem a batalha para os mais fortes, nem o pão para os mais sábios, nem as riquezas para os mais inteligentes, mas tudo depende do tempo e do acaso". (Eclisiastes)

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