segunda-feira, 23 de julho de 2012

ausos Corporativos

Relacionamento Capital/Trabalho ou o Meu Vizinho Mafioso.
De como o tema máfia me fascina, seja em literatura seja em filmes.
È evidente que não se concorda com os métodos nem com a violência daí oriundos, o que seria absurdo, mas que embale em nós um sentimento utópico de justiça, satisfazendo nossa indignação.
Como se pudéssemos praticar verdadeira metamorfose e nos sentirmos, nós próprios, dotados de poder para corrigir certas injustiças e satisfazer os instintos, aqueles escondidos no fundo do nosso caráter.
Assim fazendo parecería-nos como se estivéssimos praticando uma inusitada catarse a jogar fora todas as nossas neuroses.
Talvez o brasileiro comum gostaria de assim proceder na tentativa de minorar a sua baixa estima, tomando atitude, cobrando seus direitos, assumindo a sua cidadania e como consequência exigir mais respeito daqueles que se dizem seus governantes.
Nesse sentido ousaria dizer que estamos progredindo, devagar infelizmente, mas com a certeza de que esta nova classe média está ávida por ter seu valor reconhecido e vai reinvidicar e exigir melhorias em seu modo de vida.
Se analisarmos as diversões básicas que compõem o mosaico formador de opinião da população, vamos notar que o sentimento de altivez e de orgulho são reiteradamente usurpados.
Nas novelas, o que se vê é uma eterna procrastinação da punição final do vilão da história. E quando, finalmente, isto se dá, via de regra, não satisfaz toda a animosidade gerada através de meses de sofrimento e incentivo a impunidade,
Frustam o que poderia ser uma contribuição à terapia macro, satisfazendo o grande desejo do povo, espelhando-se na punição dos personagens, "vingar-se", e em assim fazendo, quem sabe, ajuda-lo a se sentir mais confiante.
No futebol, somos sempre os "bonzinhos" da história. Sempre aceitamos resignados os desmandos e catimba de nossos adversários. Não podemos, em hipótese alguma revidar, mostrando afinal que antes de jogadores, são homens e em certo sentido estão ali representando o brasileiro, portanto com a obrigação de agir sem covardia.
O que se vê são narradores televisivos, incentivando os jogadores a se portarem como o eterno agredido resignado, oferecendo sempre o mesmo chavão batido e repetitivo, aquele que não devemos entrar no jogo do adversário.
Não que tenham de incentivar a troca de agressões, mas que compreendam rompantes de fibra e determinação ocasionais a contrariar a sua própria tendência à pacificação.
"O pacificador é aquele que alimenta o crocodilo na esperança de ser comido por último" (Churchill).
Voltando para o lado específico do profissional assalariado, aí tambem existem histórias as mais diversas a corroborar a existência da injustiça e da traição tambem, ou principalmente na vida corporativa.
Passei uma grande parte da minha vida profissional trabalhando, sob contrato, em vários estados do Brasil.
Em uma dessa escalas encontrei um ser único e especial. Era meu vizinho.
Generoso, atencioso, me cercou, quando da minha chegada, de tudo o que me faltava, dentro de uma circunstância bastante confusa que acarretam as mudanças.
Tornamo-nos amigos e havia grande familiaridade entre nós.
Para minha surpresa todos se espantaram ao saber dessa amizade, havendo até quem me sugerisse o afastamento desse convívio.
Este alerta partia principalmente dos meus empregadores. Com o passar do tempo, soube realmente que este senhor, digamos, não pautava com a observância ortodoxa dos parâmetros legais.
Tinha sua linha de atuação e todos o temiam por não "levar desaforo para casa" para dizer o mínimo.
Pois bem e para resumir. Na época do meu distrato houve algumas discrepâncias interpretativas que afinal iriam me prejudicar consideravelmente.
No meio da nossa discussão, alguem lembrou que eu era vizinho, sabe de quem? Ele mesmo.
Pronto, os problemas cessaram e tudo foi resolvido a meu contento.
Isso é somente uma ilustração daquilo que podemos chamar justiça indireta, obtida nas entrelinhas, apesar das circunstâncias desfavoráveis
Mas não é o que realmente acontece, quando se analisa o grande espectro que compõem as relações capital/trabalho.
"Malvadezas" é o que não faltam. O que falta é uma grande quantidade de vizinhos que assumam atitudes heterodoxas.
De qualquer forma e de maneira que satisfaça somente o nosso amor próprio, gostaríamos de ter o poder de converter em ação punitória o que seria uma simples, mas já orgástica sensação de catarse,


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