quinta-feira, 26 de julho de 2012

Causos Corporativos

Alfredos e Joaquins -
Embora o título possa enganar veremos no final que podemos assimilar muitos ensinamentos se tivermos a humildade de interpretar histórias/e ou metáforas simples, principalmente se contiver um pouco de humor.
Não se trata de piada relacionada com português.
De uma certa forma e de maneira indireta, trata-se de uma história com a participação efetiva de espanhóis.
È verdade tambem que o espanhol cultiva junto com o português sua herança ibérica, aliás, depois legada aos seus conquistados, ao Brasil inclusive - conformismo e o fatalismo.
O conformismo português estreitamente ligado ao "sebastianismo" ou seja a eterna espera pelo Rei Don Sebastião, tido como aquele que faria a redenção de Portugal - e que teimosamente nunca retornou.
Para ilustrar o fatalismo espanhol vale rememorar fato acontecido durante a guerra civil (1936-1939).
Conta a lenda que os espiôes eventualmente descobertos dentro de cada exército, eram imediatamente julgados e inevitavelmente condenados a morte, sumariamente.
Descoberto um espião nas fileiras do exercito republicano (pró-Franco) procedeu-se da maneira costumeira - morte por fuzilamento.
Estavam na região de Múrcia e fazia um frio terrível.
O tenente comandante do pelotão e encarregado de executar o prisioneiro resolveu, em virtude do frio, protelar a missão, continuando a aproveitar o ambiente quente e acolhedor das fogueiras do acampamento.
E para não afetar o moral da tropa, resolveu levar o prisioneiro ao seu destino fatal para lugar longe dos soldados.
Partiram portanto ao nascer do sol. No caminho e aí se evidencia o fatalismo espanhol, o preso exclama:
- Mi comandante, como hace frio aqui em Murcia.
E o comandante concordando, respondeu:
Mira usted que nosotros todavia tenemos que regressar!!
Vamos então à nossa história:
No passado recente fui responsável pela introdução no Brasil de produto espanhol, relacionado com o mercado de material de construção.
Aproveitando momento favorável devido à reabertura do mercado brasileiro ao exterior, esta empresa anteviu a grande oportunidade de fornecer seus produtos a um mercado carente de produtos de qualidade, com alto valor agregado.
Dessa forma, começamos o trabalho e, imediatamente, os frutos começaram a ser colhidos, provocando em consequência, a vinda de executivos da Espanha para melhor dimensionar e avaliar os investimentos inevitáveis para melhor alavancar as vendas. Formar estrutura.
Com os espanhóis a tiracolo começamos o trabalho e em determinado momento chegamos à cidade de Ribeirão Preto e aí, com entrevista marcada, fomos recebidos por um cliente de porte médio.
Nos atende um jovem comprador chamado Alfredo, o qual se apresentou como sobrinho do proprietário.
Após as formalidades de praxe e sentindo ou intuindo uma certa empatia do jovem, inclinado a aceitar o negócio apresentado, os espanhóis se entusiasmaram e de forma muito direta e agressiva, começaram a oferecer vantagens comerciais cada vez maiores, dependendo da contra-argumentação do interlocutor.
Ele próprio, em determinado momento, ficou convencido de que estava entabulando um negócio lucrativo para a sua empresa e, portanto, tinha se portado bem, negociando com a firmeza e perspicácia de uma velha raposa.
Deixou transparecer orgulhoso, que por ele estava tudo acertado - aceitava fechar o pedido.
Mas - sempre existe um "mas" - era necessário pedir autorização final ao  proprietário, seu tio, o qual se chamava Joaquim.
Sem problema, dissemos nós, já saboreando a vitória. O rapaz levantou-se e dirigiu-se a uma sala contìgua.
Entrou e, passados alguns segundos de silêncio, começamos a ouvir uns gritos e barulho de móveis arrastados com rispidez.
Mais gritos e murros na mesa.
De repente, sai o Alfredo da sala do tio, todo amarrotado e com os cabelos em pé, branco como um fantasma.
Aproximou-se da mesa, arrumando os cabelos e, gaguejando, nos disse:
"Seu" Joaquim não concordou comigo e não vai fazer negócio nenhum.
Desapontados, mas entendendo o vexame do jovem, despedimo-nos e deixamos o local.
Sem uma palavra, os três, caminhamos em direção ao nosso carro e partimos.
Ainda em silêncio, percorremos algumas quadras, quando, então não aguentamos e começamos a rir e gargalhar, sem parar, comentando a estranheza da situação.
Daquele momento em diante, lembrando o semblante do Alfredo, todo amassado e envergonhado, passamos a ter como regra perguntar, a cada negócio que aparecia, se a decisão tinha sido tomada pelo Alfredo ou pelo Joaquim.
A história do Alfredo e do Joaquim se transformou imediatamente em uma história de humor a configurar a extrema importância da autonomia a reger nossas decisões que somente serão válidas quando embasadas da necessária confiança adquirida com a independencia de quem se responsabiliza pelo seu potencial.

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