sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Café do Ponto -

Trabalhando no interior do Estado de São Paulo em uma cidade muito importante tive a oportunidade de conhecer tipos de pessoas curiosas e surpreendentes.
Após o expediente era normal que, para espairecer, reunimo-nos em um boteco muito simpático, com um chopp e comidinhas que embalavam conversas as mais divertidas.
Nesse ambiente proliferava o convívio de figuras absolutamente fora do que se convenciona chamar de normal. Uma fauna muito grande de exemplos curiosos, o que nos obriga a pinçar aqueles mais heterodóxicos:
"O buraqueador" - especializado em olhar mulheres através do buraco de fechaduras. Como ele conseguia era segredo, e ele se gabava de já ter "buraqueado" grande parte das mulheres da cidade cujas particularidades descrevia sem pudor.
Outras figuras vão ser citadas, mas vou detalhar aquele que me parece o mais surreal.
"Dadinho" - um rapaz alegre, contador de "causos" e que se envolveu em um acontecimento sui-generis.
Namorava já há algum tempo uma menina muito bonita e confessava ter amor sincero por ela. Tinha um rival, sujeito nada recomendável que vivia provocando o casal na esperança de com futricas e mal entendidos provocar brigas e a ruptura do namoro.
Uma noite, recolheu em um pedaço de jornal grande quantidade de merda. De madrugada, foi até a casa onde morava a menina e lançou contra as janelas da casa toda a merda acumulada e gritava muito alto:
---- Dadinho, você está maluco?
---- Não faça isso Dadinho.
È fácil concluir que a família  se voltou toda contra o Dadinho querendo explicações e por consequência houve o rompimento indignado do namoro.
Dadinho se manteve calmo e descobrindo quem era o causador do desastre, chamou o desafeto para uma conversa. Ele confessou o "crime" e argumentou que não tinha escrúpulo e fazia qualquer coisa para obter o que queria.
Dadinho ouviu quieto esse desabafo, não se alterou e só disse uma frase:
----Eu estou em litígio com você!!! Nada mais do que isso.
Passou-se uma semana e para surpresa de todos comentava-se que uma bomba (dinamite) explodira na casa do desafeto do Dadinho, derrubando literalmente a garagem e fazendo grande estragos em toda a casa.
"Estou em litígio com você"! Quando ouvir essa frase, lembre-se do Dadinho

"Paternis"
Rapaz de familia rica, mas completamente alheio ao convencional e sem nenhuma perspectiva de buscar um caminho normal, ou seja, aquele que a classe média da época julgava ser o melhor para os filhos: faculdade, pósgraduação buscando emprego no florescente mercado empresarial. Hoje sabemos que esses valores são, para dizer o mínimo, discutíveis.
"Paternis", como o próprio nome já identifica falava colocando o i e s, no final de qualquer frase.
Tinha dois amigos inseparáveis - o Mauritis e o Gravatis.
Conta-se que gostavam muito de corrida de cavalos e frequentavam com frequência o turfe de São Paulo. Tinham um informante profissional que lhes dava informações "de cocheira", isto é, sigilosas e que garantiriam apostas certas com lucro alto.
Esse informante se intitulava conde com seu sotaque italiano, e era, na verdade, um tremendo enganador.
Depois de uma indicação fajuta e que deu grande prejuizo ao grupo, ouviu-se o "Paternis" dizendo:
----Mauritis e Gravatis deram 30 marteladis cabecis de condis!!!!!!


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