domingo, 17 de janeiro de 2016


CAUSOS CORPORATIVOS

Fechamento do Mês -

Cenário - Industria de matérias primas, subdisiária de multinacional americana.
Como gerente nacional de vendas, meu expediente era dividido entre os escritórios em São Paulo e a fábrica, situada no interior.
Essa vida atribulada se complicou quando o nosso Gerente Geral adoeceu e ficou impossibilitado de trabalhar.
Passei então a acumular todas as responsabilidades da empresa.
A permanência na fábrica ficou mais frequente e como os problemas eram grandes resolvi empreender e consolidar ambiente mais acolhedor e amigo, empreendendo políticas de bom humor e solidariedade, incluindo aí algumas gozações saudáveis.
O nosso químico era um cidadão carrancudo, reservado, digno representante do interiorano que de maneira carinhosa passamos a chamar "caipira" - respeitando sempre a sua sabedoria silenciosa.
A ele eram, via de regra, reservadas as nossas "pegadinhas".
Determinado dia em conversa informal, tomando um cafezinho, coloquei no bolso da minha calça um guardanapo de pano na região dos orgãos genitais. Apetando o volume formado, proclamei envaidecido o tamanho grandioso do meu penis.
Foi uma risada geral e provocou um choque no nosso químico que imediatamente, entre perplexo e inacreditavelmente crédulo exclamou:
----Seu Fernando!!!
Era preciso tambem lidar com irreverência situações mais preocupantes, como por exemplo, os dias de fechamento de mês.
Recebia constantemente telefonemas dos responsáveis pela consolidação do faturamento do grupo como um todo.
E a cada telefonema, já tarde da noite, havia um pedido para arranjarmos, de qualquer maneira, mais e mais ordens de embarque, visando atingir o número consolidado.
Como era de se esperar e a cada novo pedido de superação eu ficava mais nervoso, e para descarregar minha ansiedade saia e andava na beira de um pequeno lago existente ali mesmo do lado do escritório e gritava a todo pulmão, espantando os gansos já quase adormecidos:
----Puta que o pariu! Puta que o pariu!, daqui a pouco vou me fantasiar de produto e vou me faturar eu mesmo.
Foda-se este número programado e irreal e foda-se o meu comprometimento com essa mentira.
Depois desse extravazamento mercurial, voltava para dentro e com calma me preparava para voltar para casa.

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