sexta-feira, 24 de julho de 2009

Causos empresariais

Por falar em espanhóis...
No passado recente, fui responsável pela introdução no Brasil de produto espanhol.
Aproveitando momento favorável devido à recente abertura do mercado brasileiro ao exterior, esta empresa anteviu a grande oportunidade de fornecer seus produtos a um mercado carente de produtos de qualidade, com alto valor agregado.
Dessa forma, começamos o trabalho e, imediatamente, os frutos começaram a ser colhidos, provocando em consequência, a vinda de executivos da Espanha para melhor dimensionar e avaliar os investimentos inevitáveis para melhor alavancar as vendas. Formar estrutura.
Com os espanhóis a tiracolo (eram dois), começamos a mostrar as peculariedades do amplo, extenso, generoso mercado brasileiro.
Finalmente chegou o momento de fazê-los conhecer o mercado do interior do Estado de São Paulo.
Em uma grande cidade do oeste paulista, visitamos uma grande empresa. Ali fomos atendidos por um jovem comprador chamado Alfredo, o qual se apresentou como sobrinho do proprietário.
Após as formalidades de praxe e sentindo ou intuindo uma certa empatia do jovem, inclinado a aceitar o negócio apresentado, os espanhóis se entusiasmaram e de forma muito direta e agressiva, começaram a oferecer vantagens comerciais cada vez maiores, dependendo da contra-argumentação do interlocutor.
Ele próprio, em determinado momento, ficou convencido de que estava entabulando um negócio lucrativo para a sua empresa e, portanto, tinha se portado muito bem, negociando com a firmeza e perspicácia de uma velha raposa.
Deixou transparecer, orgulhoso, que por ele estava tudo acertado- aceitava fechar o pedido.
Mas, sempre existe um "mas" - era necessário pedir a autorização final ao proprietário, seu tio. o qual se chamava Joaquim.
Sem problema, dissemos nós, já saboreando a vitória.
O rapaz levantou-se e dirigiu-se a uma sala contígua.
Entrou e, passados alguns segundos de silêncio, começamos a ouvir uns gritos e barulho de móveis arrastados com rispidez.
Mais gritos e murros na mesa.
De repente, sai o Alfredo da sala do tio, todo amarrotado e com os cabelos em pé, branco como um fantasma.
Aproximou-se da mesa, com os olhos arregalados e, gaguejando, nos disse:
- "Seu" Joaquim não concordou comigo e não vai fazer negócio nenhum.
Imaginamos que ele sugeriu que nós enfiássemos nosso produto no ... bem, deixa isso para lá.
Desapontados, mas entendendo o vexame do jovem, despedimo-nos e deixamos o local.
Sem uma palavra, os três, caminhamos em direção ao nosso carro e partimos.
Ainda em silêncio, percorremos algumas quadras quando, então, não aguentamos e começamos a rir e gargalhar, sem parar, comentando a estranheza da situação.
Daquele dia em diante, lembrando o semblante do Alfredo, todo amassado e envergonhado, passamos a ter como regra perguntar, a cada negócio que aparecia, se a decisão tinha sido tomada pelo Alfredo ou pelo Joaquim.
A história do Alfredo e do Joaquim se transformou imediatamente em uma peça de humor a confirmar a extrema importância da autonomia a reger nossas decisões que somente serão válidas quando embasadas da necessária confiança adquirida com a independência de quem se responsabiliza pelo seu potencial.

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